Açores. A incrível história dos vinhos dos Biscoitos
Biscoitos, ilha Terceira, Açores. O mar está a um passo e a nortada salpica-nos a testa. O ancião Salvador segura uns pés de bacelo americano que prepara para plantar em mais uma curraleta, erguida pedra sobre pedra, definindo os muros que abrigam as videiras. Recupera-se uma das vinhas mais características de Portugal e do Mundo. Aquele bacelo americano – o chamado morangueiro – será depois enxertado com a casta emblemática do arquipélago, o Verdelho. E daqui a uns anos chegarão finalmente as uvas, e depois o vinho, que é um autêntico tesouro nesta terra de lava.
Os muros desenham-se em quadrados até ao mar. Não há uma pedra colocada por acaso. Nem uma videira, claro. Vemos curraletas que chegam a ter apenas quatro, seis ou oito plantas, consoante a dimensão. É com este trabalho, lento, demorado, feito pelas mãos de quem guarda a experiência, que se fez e agora se faz a recuperação dos vinhos dos Biscoitos.
Biscoitos é nome de Freguesia virada a Norte, no concelho da Praia da Vitória. É uma espécie de varanda para o Atlântico, decorada pelo verde da encosta e pelo negro das rochas vulcânicas que mergulham no mar. Quando aqui se fez agricultura e se plantaram as primeiras vinhas, entre os séculos XVI e XVII, as pedras de basalto formadas a partir do magma lembravam os biscoitos que os marinheiros levavam como sustento nas travessias marítimas. Vêm daí o nome desta terra.
Neste lado Norte da Terceira, a agricultura acabaria por procurar naturalmente as encostas mais férteis, deixando os biscoitos destinados precisamente ao cultivo da vinha. E foi este solo difícil e inóspito, entalado numa faixa de dois quilómetros de largura, entre aquilo que é hoje a Estrada Nacional e o mar, que deu precisamente origem à Denominação de Origem Controlada dos Biscoitos.
A Denominação existe, mas os vinhos estão em risco. A viticultura difícil, ou mesmo heróica, ditada pelos temporais que chegam do mar, obriga a uma intervenção permanente. Ora se baixa a vinha para que os muros sejam capazes de abrigá-la do vento e do sal, ora se sobe a vinha pendurada no Tinchão, espécie de estaca que afasta os cachos das pedras, que também aquecem e queimam no Verão. Aliando esta dificuldade às produções sempre pequenas, assistiu-se progressivamente ao abandono destas vinhas dos Biscoitos. Ficou em risco o vinho, mas também o desaparecimento de uma viticultura única, uma verdadeira tradição substituída por… casas de férias e quintais.
Dos cerca de 20 hectares da região, apenas 9 estão a ser explorados. E desses 9 só uns 4 estão a produzir Verdelho, a casta que expressa de forma mais valiosa e original os vinhos atlânticos e salinos dos Açores. A incrível história dos vinhos dos Biscoitos tinha tudo para acabar mal, mas é tempo de optimismo e de um novo projecto, capaz de voltar a colocar a vinha em mãos como as do ancião Salvador. Querem acompanhar-nos?
Parabéns pelas sábias palavras que aplicaste, a família está orgulhosa com o teu merecido sucesso (em especial os teus Pais).
Obrigado por seres quem és: humilde, generoso e aventureiro, por tudo isso bem mereces estar no top dos enólogos de Portugal e do Mundo.
Que Deus te permita alcançar sempre o melhor, na profissão que abraçaste.
Beijos grandes dos Pais sempre atentos