Kranemann Wine Estates
Seguimos por aquela que é uma das mais belas estradas do Mundo – dizem, e eu concordo! – entre a Régua e o Pinhão. A N222. Vamos junto ao Douro e antes da foz do Távora viramos à direita e começamos a subir em direção a Tabuaço, para uma sucessão de curvas que pode deixar muito boa gente enjoada, não pela paisagem, claro!
O vale à nossa esquerda, domado pela vinha e pelo olival, cresce cada vez mais agreste e impressionante. E é precisamente numa extraordinária varanda natural para todo esse cenário, na lendária Quinta do Convento de São Pedro das Águias, que paramos o carro e percebemos ao que vamos – estamos sem palavras!
Fui assim que lá cheguei pela primeira vez há dois anos, para dar a minha opinião a um bom amigo que também trabalha no sector do vinho. Estávamos numa espécie de missão de análise para o Christoph Kranemann, um apaixonado por vinhos alemão, radicado no Canadá e com ligações a Portugal, eventualmente interessado em investir numa quinta no Douro. E, quem sabe, concretizar assim toda a sua paixão pelo vinho, pela arquitetura e pela história. Adivinhem o que aconteceu!
Hoje a Quinta do Convento de São Pedro das Águias é a mais emblemática propriedade da Kranemann Wine Estates, a empresa que Christoph criou para, então, fixar-se pelo Douro, este Douro tão especial, de vinhas de altitude, com solos de xisto mas também muito granito, viradas a norte e nascente. Eu, que ando de região em região como se tivesse a palavra “mineralidade” na matrícula do carro, comecei logo a pensar no extraordinário potencial daquele terroir, até para vinhos brancos, aqueles brancos frescos e minerais que passo a vida a perseguir…
Mas a Quinta do Convento de São Pedro das Águias é muito mais do que isso. É também uma fantástica adega, moderna, debruçada na encosta, equipada com muito boa tecnologia. É uma cave onde está a envelhecer um património muito interessante de Vinho do Porto, com as mais diversas colheitas! E é também história, porque o convento lá está imponente, a lembrar os tempos antigos em que os monges contribuíram para a introdução da cultura da vinha na região.
Partilhando da visão que o Christoph Kranemann também desenvolveu para esta quinta tão especial, continuámos a nossa troca de ideias, as conversas aprofundaram-se naturalmente e acabei por ser convidado para assumir a enologia e estabelecer a equipa de encarregue de expressar o potencial deste Douro tão especial. Um desafio que aceitei com tudo o orgulho, por ser com gente tão especial, desde o Christoph ao grupo que está à minha volta (um obrigado muito especial à Susete e ao Vasco!). E por ser numa região que me diz muito, onde sempre sonhei um desafio destes. De novo obrigado! E ao trabalho!