Vinho

Diário da Vindima (V). O texto final só podia ser dedicado a esta gente!

Equipa1

Esta é aquela fase do ano em que o enólogo desaparece para se tornar um tipo estranho, meio stressado, às vezes um bocado mal-disposto. Enfim, não levem a mal, que isto ataca todos os anos. Chama-se vindima, e deixa-nos assim numa espécie de concentração cega, que não nos deixa ver nada além de uvas, mostos, cubas e barricas. A verdade é que isto é muito mais divertido do que parece! E passa como uma vertigem. Este é o diário de uma semana na vindima, ente 5 regiões, 7 adegas e uns valentes 1827 Km na estrada. Depois dos textos de  segundaterça e quarta e quinta-feira, chegamos finalmente ao fim…

 

Sexta-feira | 1460 KM – 1827 KM

Couteiro-Mor; Herdade do Freixo; Herdade Grande

E eis que chega a sexta-feira. O final da semana é quase sempre reservado ao tour alentejano. Couteiro-Mor, Freixo, Herdade Grande, a rotina habitual em marcha pelas adegas, mas sempre ao telefone, em ligação com os outros projetos, para deixar tudo alinhado para o início da semana seguinte. É forçoso que assim seja. O jogo permanente de ação-surpresa-reação que é uma vindima só se ganha se as máquinas estiverem oleadas. E para isso tenho o privilégio de contar com as pessoas certas. Por isso, este texto final do diário da vindima só podia ser sobre esta gente que para mim é tudo. Amizade, competência, elo principal de ligação às equipas… tudo! Portanto, aqui fica o obrigado…

 

Ao Filipe, da AdegaMãe. Foi praticamente criado na casa e hoje é o nosso adegueiro-chefe. Continua o mesmo miúdo tímido, de face sempre séria, o que não deixa transparecer a enorme paixão que tem pelo que faz. Aprendeu a coordenar de forma extraordinária a produção de uma adega que hoje faz mais de 1 milhão de garradas. É obra. Tem um futuro brilhante pela frente.

ps: Filipe, e este ano que temos as primeiras uvas da nossa vinha experimental? Boas surpresas as Gruner Veltliner, Assyrtiko e Vermentino… e agora, o que vamos fazer a isto?

 

Filipe

 

Ao Pedro, da Herdade Grande. Amigo de tantas aventuras, incluindo muitas vindimas por esse Mundo fora. Uma pessoa extraordinária e um excelente enólogo, com uma visão interessantíssima do sector, graças à experiência que acumulou também no domínio comercial nos anos em que esteve lá fora. Felizmente regressou. E como alentejano que é, naturalmente só tínhamos que nos reencontrar nesse projeto para nós tão especial que é a Herdade Grande.

ps: e o Sousão da Herdade Grande, Pedro? Mais uma vindima em que é o tinto que mais se destaca no Alentejo? Então não era uma casta dos Vinhos Verdes?

 

Pedro Garcia

 

À Dina, da Herdade do Freixo. Conhecemo-nos desde 2005, quando coincidimos numa vindima no Couteiro-Mor. É uma profissional enorme, uma adegueira muito dedicada, com uma experiência que lhe permite tratar todos os equipamentos e processos por tu. Agora, por coincidência, reencontramo-nos no Freixo e tenho a oportunidade de contar com o seu apoio fantástico.

ps: nunca tinha vindimado esta casta e olha que surpresa! O Petite Sirah vai ser uma bela experiência, certo Dina?

 

À Susete, na Kranemann Wine Estates. Sempre minuciosa e apaixonada. Uma enóloga com uma preparação incomum, graças ao enorme esforço que colocou na sua formação, em Portugal e lá fora, acumulando o conhecimento que a faz, agora, iniciar um trajeto que só pode ser longo e bem-sucedido. E ainda por cima, também uma grande amiga!

ps: Susete, temos mesmo que acabar com as provas nas barricas de Porto velho. Que vinhos! Vai-se o caldo em provas, não é?

 

Susete

 

Ao Fábio, no Couteiro-Mor. É Beirão e só por isso tenho um carinho especial por este miúdo, enólogo, que chegou como estagiário e se fixou no Couteiro-Mor. Mostrou sempre uma grande dedicação e por isso evoluiu de forma tão natural quanto extraordinária. Nota: trata-me por Mestre, o que me fez uma certa confusão, porque Mestre só a um. E como dizia o outro, vocês sabem de quem estou a falar…

ps: Fábio, vamos lá tratar bem esse Alicante Bouschet que vem da Vinha da Granja; sem rega, as uvas que vêm desse xisto são uma relíquia…

 

Fabio

 

Ao Nuno, nos Biscoitos. Grande companheiro de outros tempos, por Lisboa, partiu para os Açores e em boa altura me telefonou, um dia, a dar conta do que tinha encontrado nos Biscoitos, aquele paraíso de curraletas viradas ao mar, em plena Ilha Terçeira. O regresso destes vinhos fantásticos, únicos, deve-se também à paixão diária que o Nuno coloca no projeto.

ps: preparado para comprar mais umas cubas, Nuno? A vindimar assim não sei onde é que vamos fazer o vinho!

 

Nuno

 

 

Nota: no final deste diário não podia deixar de responder a quem diz que o enólogo não faz nada. Aí está a tão falada desencuba! Mão na massa e promessa cumprida malta, sem medos!

 

Diogo Lopes