Os vinhos da quarentena. Vamos lá limpar a garrafeira!

Convém não esquecer a verdadeira razão para a existência de uma garrafeira: beber! Abrir uma garrafa nunca é uma perda. E se o vinho estiver estragado, ganhamos espaço. Pode parecer duro dizer isto, mesmo a propósito daquela relíquia cheia de pó lá em casa, mas a função do vinho é desaparecer, para se transformar em momentos, viagens, memórias. Nestes tempos devo dizer que a minha humilde garrafeira tem cumprido a sua missão – e assim levou uma boa limpeza a reboque da quarentena! Segue a lista dos meus vinhos preferidos nestes dias estranhos. Se os encontrarem por aí, estes ou outros… bebam!
- Esporão Vinho de Talha
Feito exclusivamente de vinhas velhas da casta Moreto. Cheio de carácter e mesmo muito “juicy” (se me permitem armar-me em fino e dizer coisas à inglesa).
- Anselmo Mendes Alvarinho 2007
O Curtimenta 2007 do Mestre Anselmo. Um branco feito como um tinto, com extracção de cor, aromas e taninos.. Está num momento extraordinário.
- Poço do Lobo Arinto 1992
As Caves São João merecem uma comenda só pelo trabalho que têm em guardar estes vinhos para que nós, comuns mortais, possamos fazer estas viagens no tempo.
- Xistos Altos Rabigato 2012.
Um enorme branco do Douro, mais recente, mas numa colheita extraordinária, talvez a melhor edição de sempre deste produtor.
- Rafael Palacios As Sortes.
Adoro a casta Godello. Eis um branco cheio de cremosidade e personalidade.
- Quinta do Vesuvio 2016.
Um enorme tinto do Douro, tão elegante, tão belo quanto a quinta que lhe dá o nome.
- Vincent Pinard Chêne Marchand 2016
Talvez um dos melhores Sauvignon Blanc do mundo. Nada de nariz tropical, pura mineralidade e frescura, vinda do terroir único de Sancerre.
- Achaval Ferrer Finca Mirador 2011.
A Malbec é uma das minhas castas tintas preferidas. Este é um vinho memorável, oferecido pelo meu amigo Fábio. Muito obrigado.
- Chateau Pichon Longueville 2008
Memórias de uma viagem a Bordéus. Estava guardado para abrir num dia especial. Abençoado, também não escapou à quarentena. Potência e raça num grande tinto!
- Carvalhas Tinta Francisca
A Real Companhia Velha tem lançado uma gama muito interessante de monocastas. Esta é uma casta esquecida do Douro, mas que deve ser uma aposta para o futuro. Vinho muito elegante e autêntico.
- Porta dos Cavaleiros Branco Reserva 1984
É verdade, as Caves de São João merecem mesmo uma comenda. Um branco de classe mundial, numa forma extraordinária!
- Quinta da Alameda Reserva Especial 2012
Enorme tinto do Dão. E nós bem sabemos o que a região tem para nos oferecer!
- Gomez Cruzado 2012
Há sempre um momento, obrigatório, em que nos devemos mudar para Haro, na Rioja, e viver estes tintos clássicos mas cheios de vida…
- Cruz Miranda T2001
Um dos vinhos da minha vida, do grande João Cruz Miranda, feito na sua pequena adega de Mora. Uma experiência única com a casta Alfrocheiro, que valeu uma Talha de Ouro!
- Cortes de Cima Aragonez 2014
Um grande vinho de uma casta muitas vezes esquecida; feito pelo grande amigo (e também grande enólogo) Hamilton Reis.
- Esporão Private Selection 2007
Enorme tinto do Alentejo, entre os grandes dos últimos 20 anos.
- Branco da Gaivosa Grande Reserva 2012
Um dos brancos mais afinados do Douro. Reencontrei-me com ele no Peso da Régua, há mais de um ano. Abençoada caixinha que veio para casa.
- O Tesouro Albarello
Um tinto galego, oferta de um bom amigo, com o nosso Alvarelhão a lembrar os seus traços de Pinot…
- Champagne David Léclapart
Tem sempre que haver champagne, até numa quarentena. Grande referência de um produtor que muito admiro: David Léclapart
- Magma 2018
Posso referir uns vinhos meus, certo? Eis o regresso de um dos que mais gozo me dá fazer. E nada como um branco bem diferente, vulcânico, para nos surpreender em plena quarentena.
- AdegaMãe Terroir 2013
O primeiro Terroir da AdegaMãe, a mostrar o grande potencial de evolução dos brancos marítimos nascidos em Torres Vedras. Com alguma sorte ainda o encontram.
- Herdade Grande Amphora
O regresso da Herdade Grande às talhas, 25 anos depois, também serviu para fazer estagiar este tinto, que resultou num portento de frescura e elegância.
- Quinta do Convento 1999
O vinho mais fácil da minha vida, um branco de 1999 que descobrimos nas catacumbas do Convento de São Pedro das Águias e nos limitámos a colocar no mercado. Apenas 2000 garrafas, lançadas em plena quarentena! Timing perfeito.
- Cazas Novas Avesso Pure
Um dos primeiros exercícios em torno da casta Avesso, aqui na nova versão Pure, aquela em que potenciamos toda a expressão de terroir, frescura e mineralidade. Uma revelação, numa casta com um enorme campo de experimentação pela frente.